quarta-feira, novembro 09, 2005

Untitled - Pombos Brancos

Correm.
Numa geral azáfama,
Todos correm pela vida;
E eu páro minha vida,
Sento-me e observo;
Perante meus olhos, almas deslizam:
Cada uma carregada de sonhos,
Objectivos,
Responsabilidades...
Desilusão.
Ninguém vejo que salte e sorria...
Apenas correm e pasmam.
E é ao som deste longo Dezembro,
Que um corvo esvoaça sobre estas cabeças,
E pousa à minha frente, na varanda.
Ele conta-me a história de todas estas almas:
Conta-me como ele próprio é os seus reflexos;
Ninguém que aqui passa se reflecte...
Num pombo branco.
E enquanto a vida avança,
Apenas se tingem mais de negros;
Eu quase acredito nele...
Mas acredito que há pessoas
Que vivem como pombos brancos;
Talvez não aqui,
Na longa avenida do velho Reis...
Mas noutro lugar desta cidade de Ulisses,
Ou deste Mundo...
Pois também dentro de mim um corvo não vive:
Assustar-se-ia com a luz;
E então há-de haver outras almas
Cujo reflexo num espelho...
Num pombo branco se reluz.